"A linguagem interior é uma linguagem muda, silenciosa"
Vigostki

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Picnic

Ônibus. Praça. Sushi. Esteira. Grama molhada. Esteira dobrada. Banco. Hachi. Shoyo. Sushi. Beijo. Sushi. Suspiro. Olhar. Beijo. Árvores. Biscoito. Suco de uva. Levanta. Anda. Banco. Arte. Panos. Livros. Praça. Ônibus. Amor...

quarta-feira, 25 de março de 2015

Não precisava de mais nada que não viesse de dentro. Não precisava de dinheiro, de bens, não precisava de nada que o dinheiro pudesse comprar. Não queria nada que pudesse ser adquirido como quem compra pão pela manhã como um ritual diário.

Queria algo que viesse de dentro e que para ser conseguido teria de se empenhar, se esfoçar, ser mais do que sempre foi. Mas queria aquilo que viesse de dentro de outra alma também. Queria calor, amor, sem pudor ou temor. Queria viver, queria tempo para viver, queria se apaixonar mais, se dedicar mais, regar mais, para que crescesse mais.

Como em um passe de mágica fechou seus olhos, enxergou dentro de si tudo aquilo que queria. Estava ali, bem perto, real. Não precisava esperar mais para conseguir tudo aquilo que desejava. Mas descobriu que mesmo acordada, hoje, a única forma de acessar a tudo isso é sonhando.

sábado, 27 de setembro de 2014

Estar aqui é como reviver cada segundo de um passado remoto, mas vibrante. Cada lugar tem um significado, uma sombra de conversas, risadas, amigos, amores e desamores. Em cada canto percebe-se uma luta entre aquilo que já foi seu e que nunca mais voltará a ser. A constante ideia do pertencimento volátil, da imagem congelada que atravessou os anos, como uma pintura na parede para lembrar à você que tudo isso aqui não te pertence mais.

No momento em que se percebe que a perda trouxe consigo ganhos inestimáveis, entende-se também que com ela foram levados anos, sonhos, promessas... Dessas que nos fazemos nas passagens de ano, nas passagens das estrelas cadentes,... nas passagens dos amores... Olhar para trás e perceber que o que se sonhou não se sonha mais é devastador, mas reconfortante.

Compreender o caminho tênue entre o perder e o ganhar não se dá com os dias, com os meses. Se dá exatamente, com aquilo que se perdeu. À duras penas, comecei a ter ideia da importância de se deixar coisas para trás para conseguir colocar outras nesse bau da vida. Não é facil. Mas o que é fácil quando não se tem certeza para onde darão as placas nesse percurso?

Enfim, já esvaziei bastante para que agora, possa preencher o bau e o daquilo que me transborda a alma.

sábado, 30 de novembro de 2013

Já não era mais nenhuma menina... mas os seus olhos transbordavam uma juventude que não cabia em si. A brincadeira se misturava com seu jeito de falar, com o caminhar de suas pernas e com o jogar de seus cabelos. Não era nada modesta em seus gestos, em suas expressões e argumentações. Ela os usava. E como gostava de fazê-lo.

Nas noites de verão, nos dias de inverno seguia a mesma rotina. Não mudava. Quando a criança que havia lá dentro falava mais alto, logo o adulto que dela cuidava arrumava uma maneira de aparecer e dizer que ela não devia ser assim. "Tenho muita coisa pra fazer, agora chega". E simplesmente deixava a criança voltar pro fundo de seu olhar como forma de castigo. Dali ela só iria sair quando o adulto se distraísse.

Era uma pessoa adulta. Os adultos não podem brincar, não podem se jogar na incerteza do futuro... Não podem ser eles mesmos, não podem arriscar. Isso não é nada maduro, isso não pode, isso não deve... "Vai que"... 

Não era culpa dela. Ou até poderia ser... Não era, porque outrora um adulto distinto ensinou-lhe que as crianças deveriam ser guardadas... que os sonhos eram algo de certo modo desnecessários e que dava muito trabalho cultivá-los. Assim, a acomodação dos anos fizeram com que ela aprendesse a esconder aquela criança... aquela menina. Mas também, o medo que ela tinha de ser uma criança no corpo de um adulto dava arrepios... Era nítido como a menina saltava-lhe os olhos. 

Agora ela dorme. A criança liberta está correndo pelos sonhos. E mesmo que não a enxergue através dos olhos, um singelo sorriso no cantinho dos lábios mostra o tanto que sua criança canta... Será que agora é mesmo o adulto que está lá?

Enquanto ela sonha lá, eu sonho aqui, contando os minutos para rever a criança disfarçada no balançar dos seus cabelos e naquela risada gostosa.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Coincidência ou não...

Coincidência ou não, não escrevo há um ano...Exatos 12 MESES!
E por que raios resolvi escrever logo hoje? Não me faça perguntas difíceis. 
É engraçado como quando me sinto mal me dá uma vontade de escrever incrível! Se eu fosse minha orientadora me deixaria triste sempre! ... o pior, não dá vontade de escrever aquilo que eu deveria. Dá vontade de estar aqui... devaneando. Falando do que tem aqui dentro, sabe?

Com o passar do tempo a gente acaba perdendo os pequenos prazeres da vida. Até o de ficar triste e curtir isso, entende?  Quando eu era adolescente tinha mania de sofrer por amor... Digo mania, porque nem amor era. Era uma paixonite. Às vezes era até por um ídolo juvenil que eu sonhava conhecer e não podia. A única coisa que importava era assentar me no chão, apagar a luz do quarto e colocar a música mais triste de todas que eu podia ter em minhas pilhas de CDs. E aí? Eu choravaaaaaa... Pode parecer masoquista, mas era até gostoso! Hoje dá saudade de ter tempo pra curtir a tristeza. 

É importante curtir a tristeza! Uma vez, ouvi de um pesquisador de não sei onde - sou péssima com nomes e lugares - que temos a mania de tirar do ser humano a chance de sentir o sofrimento e a tristeza. Quando somos bebês, caímos, machucamos, começamos a chorar e logo nos pegam no colo dizendo: "não foi nada, não!" FOI SIM!! Doeu, frustrou, chateou... como não foi nada?? A tristeza é importante. Pelo menos eu acredito que a tristeza me faz crescer... de alguma forma! Ou eu fico mais esperta para não cair no mesmo erro, ou eu acordo no dia seguinte tentando achar alguma solução... mas eu mudo! Dou meu jeito.

Agora não tenho tanto tempo para curtir meu "bad day", mas acabei de perceber que não mudei muito. Só arrumei um computador, um blog, e a luz está acesa. Já que as músicas que claro, estão tocando enquanto escrevo, são daquelas "arranca coração". 

Rá! Acabei de sorrir... Estou achando que analisar minha tristeza me deixou feliz. Bom, com mais uma loucura no currículo é hora de me despedir. Espero não demorar mais um ano pra voltar aqui e curar os meus males.

Finalmente no player, uma música feliz-animadora-e-importante pra esse momento... Até!

domingo, 25 de novembro de 2012

A Arte do "não reclamar"

E de repente você se vê em meio a um grande desafio: ficar uma semana sem reclamar. A princípio recebi a notícia de forma tranquila, e na mesma hora imaginei "ahh... nada tão difícil assim"... Mas o desafio não parava por ai: "ao invés de reclamar, você vai AGRADECER". Bom, nada tão impossível de se fazer... e como eu  me considero nada competitiva (nem comigo mesma, rs.. hammm hammm,..rsrs) agarrei a possibilidade com unhas e dentes. "Não vou reclamar de nada, só vou agradecer, é mole, mole!"

Ahhhh... doce ilusão. E então você se vê em uma semana extremamente controversa. De um lado fatos agradáveis, reunião com os amigos, sábado de sol, domingo chuvoso, leituras agradáveis, cerveja gelada e muitas risadas. Mas em compensação... o tal "equilíbrio universal" resolveu deixar minha missão mais difícil. Alias... BEM mais difícil. 

Pronto: estou em uma semana de resoluções. Da conquista do lugar ao sol, do firmar-se, ser de poderes, deveres E direitos, na semana da busca pelo ser independente e resoluto. E vamos e convenhamos, não vi ninguém conseguir isso só agradecendo! Não dá para "brigar" por espaço, por reconhecimento sem fazer umaaa reclamaçãozinhaaa se quer. Não consigo.

OK, OK.. já estou tentando, mas se há alguém aí que consiga tal façanha, primeiro: me dê um autógrafo! Segundo: me ensine! 

Se tornar um ser melhor é realmente uma tarefa complexa... mas bem... como não posso continuar aqui reclamando que não posso reclamar,... vou agradecer a possibilidade de estar escrevendo... de saber que pelo menos uma pessoa irá ler isso... e de que alguma maneira estou tentando cumprir com a minha "missão".

PONTO PRA MIM! rs .

sábado, 20 de outubro de 2012

Já fui cobrada hoje pela ausência neste blog, mas não só por isso resolvi escrever aqui. Esse mês, acredito (porque ainda não conferi) que este mesmo "folhetim" que já fora mais recorrente, faz um ano! (eeee \o/).

Um ano em que muita coisa aconteceu... E você, caro leitor(a) deve pensar: "Claro! Um ano = 365, ou melhor 366 dias, é tempo suficiente para acontecer muita coisa!". Concordo... mas dessa vez aconteceram muito mais coisas!

Ano de muita dedicação, de muito suor, esforço físico e mental. Muitas noites de sono perdidas, e não foram em baladas... Muitas preocupações, muito choro de tristeza... mas muito amor. "Ora! Que clichê! Amor... lá vem!"... Sim!! Amorr!!!

Esse ano foi um ano para me sentir amada. Reconquistei um grande amor da minha vida, transvestido em uma amizade antiquíssima, mas que de tantos espaços e desencontros que a rotina doentia nos impôs, ficou sendo observando ao longe... mas que hoje está mais perto do que nunca.

Me tornei amiga de uma "paixão". Como é bom achar sentimentos certos, nos lugares e nas pessoas certas, e descobrir que se pode mais gostando diferente!

Percebi que o meu AmorAvô me amava mais que tudo, e que até nos últimos segundos em que ele pode sentir algo, ele sentiu amor. E o mais importante e inesquecível... por mim.

Conheci o grande amor da minha vida. "Ok, sempre achamos que esse é o amor da nossa vida até vir o próximo"... mas seguindo a ideia de que seja "eterno enquanto dure", este tornou cada momento deste um ano em eterno. Me mostrou que para ser amor podem existir dois, que pra ser de verdade não precisa ser amarrado, sufocado, anulado. Me ensinou a amar... tem coisa mais eterna que isso?

Estou tentando de maneira diferente crescer no amor, e não na dor... como fui acostumada por toda uma vida. Amar me torna melhor, maior. Me faz sentir que a cada pontinha de tristeza, de desalento, de algum lugar vai surgir um amor, e que esse vai me colocar de pé. Tenho certeza.

Que eu possa comemorar com vocês mais datas assim, celebrando o amor... e que ele se espalhe entre vocês...

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Detesto programas de concurso na TV. Não gosto. E nem é por desacreditar na minha presença neles... não... Só não tenho gosto pelo julgamento. Não acho que sejamos aptos a chegar para "um certo alguém" e dizer: "você não nasceu pra isso!"... Quanta pretensão!

Se fosse fácil assim todos os jogos terminariam empatados, na rua só existiriam os melhores motoristas, nas novelas os melhores atores, e nas rádios as melhores músicas... será?

É, talvez eu pense assim por não ser a melhor aluna, a garota mais bonita, a melhor cantora, a melhor violonista, a melhor professora, a melhor namorada, a melhor nadadora, a melhor jogadora,... Nunca fui a melhor em nada! Até na fila da escola eu ficava no meio. Não era nem tão alta, nem tão baixa,... nem tão gorda, nem tão magra... Sim, ter o título de mediana às vezes compromete mais que o título de "você não nasceu pra isso".


Talvez por esse motivo, pela medianidade da minha vida eu acredite que não devamos julgar ninguém. Não acredite que seja uma pessoa boníssima, porque como já disse sou mediana. Sou boa e ruim. Faço meus julgamentos... Ok! A vida também é feita de escolhas... mas chegar ao ponto de dizer: "você não nasceu pra isso..." Seria como delegarmos à nós mesmos o poder de julgadores do destino alheio, e por consequência réus dos outros...

Pois é... vamos assistir novela... como as histórias nunca mudam mesmo, o destino nelas não há de ser tão cruel.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Descobri o lado bom de andar na esteira:  está me economizando boas horas de psicólogos, e travesseiros abraçados para segurar o choro. Algumas horas da vida da gente parecem querer que você se desespere, e saia correndo à ermo, como se quisesse fugir. Por todos os lados aparecem situações conflitantes, doenças, a eminência da perda, o sofrimento dos que você ama, stress, cobranças... e é tão difícil se manter firme.

Tento pensar e tomar cada dia como se eu estivesse andando de bicicleta. Se eu parar, e não tiver onde colocar os pés, eu vou cair. Então a saída que encontrei foi "simples". Resolvi me manter em movimento. Para que todos os entraves não se tornem maiores do que já são, e não tomem uma proporção gigante dentro de mim. Não tem resolvido, mas tem ajudado!

Passei mais de um ano acreditando que tudo que estava faltando para mim era uma boa dose de exercício físico, uma possibilidade de voltar aos estudos, e um grande "novo" amor. Não estava errada. Hoje tenho feito academia três vezes por semana, estudando loucamente e amando mais que tudo. Mas ainda falta... Falta PAZ!. O corpo está bom, a mente também... o coração... sem reclamações... aí parei pra prestar atenção, para um quarto elemento à quem não tinha me atentado: o espírito.

É... não era papo de carola, nem tentativa dos meus queridos espíritas em tentar me convencer que tem "alguém a mais do seu lado". (Re) Percebi a existência dele quando eu estava fazendo tudo certo, mas tinha um lugarzinho doído... que às vezes me fazia chorar mais... 

100% feliz?? Ninguém é, mas só de reencontrar esse último e importantíssimo elemento que estava esquecidinho no fundo da gaveta, me fez querer cuidar mais. E já que não posso resolver os problemas do mundo, vou resolver os do meu espírito, que como uma criança faminta, está chorando para que eu a alimente.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A inquietação era a de uma criança. Já não entendia o por que de tanta aflição, mas sabia que as coisas não estavam em seu lugar. Sim, era preciso esperar... mas... esperar o quê? para quê? Ver os dias passarem como a monotonia das tardes de inverno, e sentir que nada era possível fazer senão esperar, a deixava cada vez mais angustiada.

Queria, ao estalar os dedos, fazer com que tudo fosse diferente. Ou nem tudo... só aquilo que não lhe dava paz. Paz... paz esta que era fundamental para quem já possuía pensamentos fervilhantes. Aquilo era tão intenso, tão forte, que , ao cair no sono ouviu uma voz. Sim! Essa voz. A que aconselha, a que pede: "calma, não adianta apressar o mundo, ele não vai girar mais rápido por isso."

A tal voz misturava-se consigo, e ao acordar já não sabia se era outro, ou ela mesma que explicava para si. Sendo assim, controla-se a cada dia, a cada minuto, para que as tardes, mesmo no inverno, não sejam monótonas, mas que o mundo não deixe de girar na mesma velocidade para ver o sol.